Em uma live com o Pedro Weichert do Clube de Canoa Havaiana Maui Va’a de Vitória-ES, foi muito mais do que sobre o esporte e sim sobre filosofia de vida. De verdade, a percepção é que se fala de uma família e não apenas de uma equipe, e aqui posso assegurar ter real significado, vivendo esta realidade toda semana.
O esporte conquistou o “Pedrinho” há 6 anos e o tornou um atleta com melhores hábitos e um ser humano mais virtuoso, permitindo fundar o clube junto ao atleta olímpico Sebastián Cuattrin, e em águas capixabas, passar adiante ensinamentos que vão muito além da pá na água.
Um esporte inclusivo que agrega desde crianças até idosos, unindo tanto remadores parrudos como pessoas sedentárias e que buscam a conexão com a natureza. Respeitadas as proporções, a idéia é que todos evoluam diante de sua própria capacidade, e aprendam o significado do trabalho em equipe e da sintonia da canoa.
Neste aspecto são inúmeras as comparações com a vida profissional e possibilidades de aprendizados, afinal na canoa, nenhum remo é mais importante do que o outro, e cada banco tem seu papel. O banco 1 (voga) por exemplo, serve de referência para os demais remadores, mas isso não significa que ele reme na sua velocidade, ao contrário, se doa ao equilíbrio para tornar acessível a remada aos demais.
O “espírito Aloha” fala de estar bem com seu próprio universo, de estar em harmonia com as coisas a sua volta, e reconhecer que recebemos na proporção do que nos doamos. A canoa é uma família, o esporte é uma família, quem está no mar é uma grande família, e nesta mesma linha, a soma de cada remada é que traz o movimento rumo ao objetivo.
Na prática, a Canoa permite a mágica de ter netos, pais/mães e avós somando esforços, em plena humildade onde as diferenças são deixadas de lado e o conjunto é que faz a diferença. Esta é uma das “belezas ocultas” que a canoa havaiana traz e nem sempre observamos na correria do dia-a-dia.
Especialmente para quem vive em Vitória (uma ilha) ou no Espírito Santo (litoral), todo dia somos presenteados pela natureza estonteante que se desdobra diante dos nossos olhos, e nada nos cobra além da sua preservação. Nesse esporte você se conecta com o mar, aprecia o nascer do sol, respeita o próximo e evolui a si mesmo.
Como diz o Pedrinho: “agora é pá na água, pressão na remada e olhar pra frente” – conselho que serve pra canoa e pra vida: vale a pena conhecer.
Texto originalmente publicado em: https://www.folhavitoria.com.br/geral/blogs/bem-pensado/2020/09/04/beleza-oculta/