Talvez ao longo da sua vida você tenha vivenciado ou escutado alguma história de pessoas que se “maltratam” na busca por agradar outras pessoas. Crescemos fisicamente mas em algum ponto esquecemos de estabelecer por completo nossa autonomia e independência daqueles que amamos.

Em geral tenho percebido amigos e amigas que ainda condicionam suas atitudes com base no que os pais vão pensar, ou no que os amigos vão dizer, ou pior, com base no que “a sociedade vai falar”. E antes que pensem que falo de coisas ruins ou vexatórias, explico que os temas muitas vezes são tão simples e cotidianos quanto poderíamos imaginar. Por serem amplos e variados, vou me ater aos mais comuns: trabalho e relacionamentos.

Uma boa parcela de homens e mulheres vivem a frustração da carreira que escolheram sem se sentirem realizados ou desafiados o bastante. O natural seria exatamente buscarem outra carreira ao invés de permanecer insatisfeitos ou estressados fazendo algo que já não lhe agrada. No entanto, o que percebo são pessoas com medo de “começar de novo”, especialmente por receio do julgamento alheio: “o que vão pensar de mim?”.

Na parte de relacionamentos vejo homens e mulheres que se preocupam mais com “o que os pais vão pensar” do que efetivamente se gostam e se identificam com alguém. Relações que não terminam por questões sociais e seguem gerando mágoas e ressentimentos só mudando de endereço.

É exatamente por isso que precisamos nos reconectar com nosso amor próprio. Não se trata de ser egoísta e pensar exclusivamente em si ou ignorar as pessoas, mas lembrar que se a gente não decide nossos rumos, outras pessoas definem nossos caminhos. Podemos nos importar com as pessoas, mas antes precisamos nos importar com nós mesmos.

A frase bíblica “ama teu próximo como a ti mesmo” para alguns pode sugerir que o foco seja amar as pessoas e portanto dar ouvido a suas opiniões, mas de verdade, só se compartilha algo na proporção que se tem. Desta maneira, o foco seria amar a si e se escutar, sabendo que fazer o que é certo para si nem sempre acompanha aprovação alheia.

Por maiores que sejam suas dúvidas, fazer o bem a si mesmo é um caminho que requer mais coragem do que aprovação. Na próxima vez que for pensar sobre “a pessoa mais importante da sua vida”, lembre-se de se incluir nesta lista.

 

Texto originalmente publicado em: https://www.folhavitoria.com.br/geral/blogs/bem-pensado/2020/10/05/amor-proprio-nao-e-egoismo-nao-se-engane/

 

 

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