Simples e direto: do que você tem medo? Talvez num primeiro instante suas respostas estejam conectadas com situações que causam desconforto como  excesso de velocidade, grandes alturas, ou afogar-se pra quem não sabe nadar. Outras pessoas podem ter medo de répteis ou peçonhentos como cobras, aranhas ou mesmo outros animais tidos como nojentos.

Em todo caso, a larga maioria das pessoas tem medo de morrer. A forma como esse medo se materializa está conectado aos traumas e vivências de cada pessoa, de modo que tenha se aproximado mais ou menos de situações que colocam a vida em risco, seja a sua ou de terceiros próximos. Aqui vale destacar que o risco de vida pode ser ocasionado por acidentes, situações de falta extrema ou algum tipo de doença, inclusive mental.

Essa morte da qual falamos é a morte do corpo físico onde o indivíduo já não mais pode interagir, cessam suas forças e param de funcionar os órgãos, conclui sua jornada na Terra. Mas existe uma outra morte que amedronta as pessoas tanto quanto, e esta é capaz de nos fazer perder o brilho da vida, e mesmo vivos acabamos apenas existindo: chama-se a morte de quem acreditávamos ser.

Todos construímos uma noção de quem deveríamos ser, um conjunto de expectativas e sonhos que por vezes nem são realmente nossos. Ás vezes um sonho dos pais ou família é o que nos orienta, outras vezes a responsabilidade de fazer melhor do que aqueles que nos antecederam. Em todo caso, expectativas são geradas.

Fixar-se em pontos tão específicos endurece a noção de vida que constantemente nos sugere ser flexíveis. E não se engane por achar que isso ocorre apenas com quem tem poucas posses, ao contrário, em grande parte acomete quem muito tem mas pouco sabe reconhecer.

Não se sentir capaz ou reconhecido, não ser bom o bastante ou não ser amado, ser excluído ou ficar sozinho, são medos tão reais e presentes quanto qualquer outro. E neste caso, são capazes de nos tornarem ásperos, impacientes, chatos ou mesmo intolerantes. Sem perceber projetamos no outro a razão pela qual nos sentimos mal.

Divido uma lição que muito me ensinou: “quem ataca se defende”. Na próxima vez que alguém lhe for grosso ou indelicado, se for possível, tente imaginar os medos que acometem aquela pessoa. Em situações extremas, o ser humano se assemelha ao animal que ataca com medo de ser ferido.

 

Texto originalmente publicado em: https://www.folhavitoria.com.br/geral/blogs/bem-pensado/2020/09/09/do-que-voce-tem-medo-nesta-vida/

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