Felicidades e tristezas, alegrias e decepções. Altos e baixos, rápido ou devagar: todas estas variações estão presentes na vida de cada pessoa ao longo de sua existência. Compreender que é comum essa variação nos torna um pouco mais desapegados. Passamos a aproveitar melhor bons momentos e não se identificar tanto com os ruins, afinal, é passageiro.
Ao não aceitar isso todavia, começamos a distribuir culpa pela vida, procuramos culpar pessoas ou infortúnios por nossas mazelas, por vezes manifestando palavras ofensivas, falta de paciência, ou se isolando simplesmente.
Em todo caso, é importante compreender que tudo que acontece em nossas vidas, tido como bom ou ruim, em algum aspecto e proporção conta com nossa responsabilidade. E ao falarmos isso, não se enganem, existem inúmeras formas de ser responsável por alguma coisa.
O senso comum atribui responsabilidade ao fazer algo, tanto é que quando somos jovens e tentam nos atribuir algum tipo de falta, por vezes escutamos ou falamos “mas eu não fiz nada”. E daí achamos que se nada fizermos, então não temos conexão com o resultado.
Mas ao crescermos, o que fica muito claro é que o livre arbítrio nos foi dado para fazer escolhas em nossas vidas, e estas incluem tanto o fazer como o não fazer, falar ou não falar, agir ou reagir, ajudar ou não ajudar, enfim, exemplos não faltam, e mesmo a omissão é uma escolha.
Cada um nasce em uma realidade e recebe aquilo que lhe poderia ser dado conforme as condições do lugar, da família e das pessoas, e a partir de certa idade, é livre para conduzir sua jornada. Tudo é escolha, e na larga maioria, é pessoal.
Imaginando um mínimo de acesso, cada pessoa escolherá desde a comida que coloca no prato até o conteúdo que absorve em redes sociais. Destaco o cenário imaginário pois reconheço que a realidade de muitos pode se apresentar como “um beco sem saída” onde não há escolha ou sejam limitadas.
Em último caso, a responsabilidade se encontra em reconhecer a dificuldade e procurar ajuda, ou aceitar a ajuda. Em tantas ocasiões, escolhemos não ser ajudados por orgulho ou pela sensação de que não seremos bons o bastante. Mas, costuma ser o contrário.
Pedir ou aceitar ajuda demonstra humildade, coragem e grandeza. Humildade por reconhecer as próprias fragilidades, coragem por enfrenta-las e grandeza por querer sobrepor cada uma. Em todo caso, nosso crescimento é nossa responsabilidade, o atraso também.
Texto originalmente publicado em: https://www.folhavitoria.com.br/geral/blogs/bem-pensado/2020/09/02/altos-e-baixos/